sábado, abril 22, 2017

Pinto da Costa, o senhor 5%

Noutros tempos teria sido considerada uma afronta sem precedentes, uma aldrabice forjada sabe-se lá por quem, uma tentativa de assassinato por via audiovisual. Mas no tempo corrente, esta semana, não foi assim considerada a conclusão de um passatempo para os telespetadores da SIC instados a votar telefonicamente na eleição do presidente de clube "mais responsável" pelo ambiente de loucura que se vive no futebol português. 

O veredicto popular elegeu um vencedor – o presidente do Sporting reuniu 77% dos votos – e o vencedor deu uma verdadeira cabazada à concorrência, o que não espanta minimamente sendo o presidente do Sporting o maravilhoso exemplo de um produto acabado da era das redes sociais, dos reality shows e de tudo o que for preciso para clamar pela atenção dos periódicos, dos programas da TV, dos rouxinóis nos beirais, das revistas cor de rosa. Sobre as qualificações do vencedor do curioso passatempo da SIC nada há acrescentar. Foi justíssimo o triunfo. 

O que surpreendeu, de facto, nesta votação foi a modestíssima classificação obtida pelo presidente do FC Porto, outrora considerado O Papa e, por unanimidade, o "mais responsável" de todos os responsáveis e, algo injustamente, até dos irresponsáveis que escreveram a história do futebol português nas últimas três décadas. 

Aconteceu, portanto, na modernidade em que vivemos, ser o presidente do FC Porto considerado ‘responsável’ pelo atual momento bélico da nossa bola por apenas 5% dos votantes do concurso popular. Imagine-se, 5%! Como caiu a reputação daquele que chegou a ser considerado como ‘o homem da caixa’ e ‘o engenheiro-mor’ de acordo com as gravações do processo Apito Dourado disponíveis ainda hoje no YouTube. 

O último senhor 5% da sociedade portuguesa foi o arménio Calouste Gulbenkian, o magnata a quem cabia 5% da exploração petrolífera nos territórios do velho império otomano. O novo senhor 5% da sociedade portuguesa é um presidente de um clube, um dirigente vetusto que já foi considerado 100% responsável por tudo o que acontecia no futebol português e que se vê hoje relegado para o fundo da tabela. 

E porquê? Como foi possível uma reviravolta destas? 

A verdade é que o quase octogenário Pinto da Costa abdicou do seu papel tonitruante a favor do presidente do Sporting que, por ser presidente do Sporting e um rapaz de meia-idade, lhe pareceu a pessoa ideal para fazer a guerra ao Benfica e assumir todas as despesas da chinfrineira institucional. 

Não lhe tem valido de muito, é verdade. Valeu-lhe só o descanso. 



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A Europa discute se a qualificação do Real Madrid para as meias-finais da Liga dos Campeões se ficou apenas a dever ao árbitro que não expulsou Casemiro e ignorou a velha lei do fora de jogo em lances capitais do jogo ou se, mais determinante, terá sido a assombrosa demonstração da eficácia de Cristiano Ronaldo, autor de três golos em Madrid depois de ter sido autor de dois golos em Munique no primeiro jogo. Esta discussão filosófica continuará acesa por muito tempo porque jogar contra 10 é muito diferente de jogar contra 11. 

Na Liga portuguesa, por exemplo, o Porto já jogou por 9 ocasiões contra 10 num total de 300 minutos de tempo útil de jogo. É caso para se dizer que o Porto em 2016/2017 tem mais e-mails na gaveta do que adversários completos dentro das quatro linhas. 

Quanto ao Bayern de Munique, foi notável a exibição que fez em Madrid na terça-feira. Pode-se dizer que o Bayern quase ofuscou a exibição do Sporting no mesmo recinto no outono passado. Quase...



Fonte: Leonor Pinhão @ correio da manha


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