sábado, abril 01, 2017

Quanto custou a brincadeira?

O FC Porto tem razão. O comunicado da Federação Portuguesa de Futebol sobre os graves acontecimentos de sábado passado no Estádio da Luz é absolutamente lamentável. Não por "não chamar os bois pelos nomes", como sugere o contracomunicado do FC Porto. 

Em boa verdade, os bois não são chamados para à lide neste caso. Mas se, no já citado contracomunicado do FC Porto, em vez de um protesto por a FPF "não chamar os bois pelo nome", surgisse um lamento, bilingue, por a FPF "não chamar os boys pelo nome", aí já tudo faria sentido e seria mais justa, mais esclarecida e até mais contundente a ação de censura que o FC Porto entendeu fazer ao comportamento inaceitável da FPF. 

Perante os factos consumados e as alegres cantorias, entendeu a FPF de Fernando Gomes vir a público esclarecer o país "que não formou um grupo organizado de adeptos" e que, não satisfeita com tamanho repúdio, "condena de forma inequívoca toda e qualquer tentativa de instrumentalização da seleção nacional, que é de todos". 

Então, cara FPF, e os "boys"? Como apareceram "os boys" em França a meio do Europeu dando razão aos jornais que avançavam com a sua contratação para animar as hostes, já que o hino encomendado ao Pedro Abrunhosa não entrava nos ouvidos da malta lusitana? E a que se referia, em código certamente, aquele pobre emigrante que, ufano, exibia os papelinhos na mão e gritava para todos os jornalistas que o quiseram ouvir: "Comprei 9 bilhetes ao Macaco! Comprei 9 bilhetes ao Macaco?" 

E, acontecimento mais fresco ainda: como apareceram tantos "boys" enjaulados pelas forças policiais no Estádio da Luz? Quem os mandou ir? E algum deles seria o patriótico "boy" que foi preso a meio da semana por suspeitas de corrupção e envolvimento na combinação de resultados de jogos? E, cara FPF, a polícia, sim, a polícia? Quem solicitou o reforço policial, o enquadramento da claque, o seu acompanhamento no percurso? Poderá um dia a FPF limpar-se deste lodaçal e esclarecer o vasto público que gosta de bola - da seleção - sobre a sua participação, ou conivência, neste episódio de contornos inqualificáveis? Ou da sua total inocência em que, face a todos os dados, custa muito a acreditar. Continuamos todos à espera de respostas. 

Quem pagou os serviços policiais para escoltar a macacada no jogo da seleção? Teremos sido nós, os contribuintes? Não, ninguém pode aceitar uma anormalidade tamanha. Mas se fomos nós, os contribuintes a pagar, seria da mais elementar ética republicana dizerem-nos quanto nos custou a brincadeira. E seria bom que o fizessem rapidamente. 



A multidão ou era de patriotas ou era de munícipes de Poiares  
Esta é a semana em que os sportinguistas podem ser do FC Porto à vontade. O presidente do Sporting, por exemplo, mal aterrou em Lisboa lançou insinuações sobre a "vida privada" do presidente do Benfica. 

A expressão "vida privada" na boca de Bruno de Carvalho é, aliás, coisa tão estrambólica como ver as Kardashians a ler a obra completa de Marcel Proust. Fez bem, no entanto, Carvalho em atirar-se a Vieira. Só assim passaria para um imperioso segundo plano o anúncio de que amanhã não vai a Arouca, falhando o reencontro com os Pinhos. Não é cobardia. Vai a Angola. 

Também o presidente da AG do Sporting contribuiu para que Arouca não fosse outra vez objeto de má- -língua. Sacrificou-se em prol do líder percorrendo a penantes o perímetro exterior do Estádio da Luz em noite de seleção ouvindo desabafos da multidão que ou era de patriotas doidos ou era de munícipes de Poiares picuinhas. Foi notícia de vulto, abafou Arouca, claro. A polícia pôs-se logo em cima do caso. Ainda bem.



Fonte: Leonor Pinhão @ correio da manha


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